Criada inicialmente para investigar casos de corrupção em contratos envolvendo a Petrobras, a operação agora tem, em sua rota de investigações, a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás.
Batizada de “Radioatividade”, a atual fase da Lava Jato contou com a participação de 180 policiais federais, que cumpriram 30 mandados judiciais, sendo 23 de busca e apreensão, 2 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.
Além dos mandados cumpridos em Brasília, Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo, a cidade de Barueri, sede da empresa Aratec, um dos principais alvos da “Radioatividade”, também esteve no caminho dos policiais.
Diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, é apontado como proprietário da Aratec, que seria utilizada por ele, segundo o Ministério Público Federal e a PF, para receber pagamento de propina das empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix.
De acordo com as investigações iniciais, Othon Luiz Pinheiro é suspeito de receber R$4,5 milhões em propina de contratos celebrados com a Eletronuclear paga pelas duas empreiteiras, que utilizaram empresas intermediárias para repassar os valores à Aratec.
“A prova mais relevante consiste nas provas, em cognição sumária, de que a Aratec recebeu no mesmo período pagamento das empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, ambas com contratos com a Eletronuclear, por meio de empresas intermediárias, CG Consultoria, JNobre Engenharia, Link Projetos e Participações Ltda., e a Deutschebras Comercial e Engenharia Ltda., algumas com características de serem de fachada”, diz no despacho o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.
Após a deflagração da 16ª fase da Operação Lava Jato, representantes da Policia Federal concederam entrevista coletiva, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), para dar detalhes da “Radioatividade”.
Durante a coletiva, o procurador do MPF Athayde Ribeiro Costa classificou a corrupção no Brasil como “endêmica” e, segundo ele, estaria em processo de metástase, termo utilizado na medicina quando um câncer se espalha para outros órgãos, já que além da Petrobras, outras estatais, como já detectado na Eletronuclear, podem estar envolvidas em escândalos de corrupção.
Além do pagamento de propina a Othon Luiz Pinheiro por meio da Aratec, que tem sua sede em Barueri, a 16ª fase da Lava Jato investiga suposta formação de cartel e o prévio ajustamento de licitações nas obras de Angra 3, com participação da Engevix e de todas as empresas que compõem o consórcio Angramon (Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, EBE e Techint), cujo contrato foi assinado em setembro de 2014.
Segundo Athayde Ribeiro Costa, os pagamentos de propina a Othon, por meio da Aratec, não cessaram nem mesmo após o início da Operação Lava Jato, no ano passado, quando empresários e ex-diretores da Petrobras começaram a ser presos pela Polícia Federal.
“O último indício que nós temos é que a Aratec emitiu nota fiscal em dezembro de 2014, já após a prisão de grandes executivos de grandes empreiteiras do país. Mais uma vez vimos que a corrupção é endêmica e os indicativos são que ela está espalhada por vários órgãos [públicos] em metástase”, finalizou o procurador.
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