sexta-feira, 17 de julho de 2015

Cidade de Sorocaba/SP demitiu mais no primeiro semestre

Foto: Fernando Rezende
São poucas oportunidades para muitos concorrentes. Desde o começo do ano, Sorocaba demitiu mais que contratou. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), até maio, foram 38.900 admissões contra 41.881 desligamentos, um saldo negativo de 2.981 pessoas. Apesar dos dados negativos, a cidade está abaixo da média nacional e estadual, que é de 8,5% e 6,9%, respectivamente, contra 6,1% de Sorocaba.

Das 38.900 admissões, 3.842 foram através do Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT). O mês em que mais houve contratações através da unidade foi abril, com 806 – um total 298 a mais que junho, pior mês do semestre com 508 vagas. Segundo o coordenador do PAT, Edson Salinas, não há um fator especifico para a variação no número de contrações nos meses. “O que acontece é que, às vezes, o empregador manda as informações atrasadas para o Caged”, explica.

Neste ano, o PAT já fez mais de 20 mil atendimentos, cerca de 400 por dia, entre indeterminação de mão de obra e emissão de carteira de trabalho. As oportunidades de emprego chegam à unidade através dos próprios empregadores que se cadastram pelo site “Mais Emprego”, ligam, ou vão ao local. No momento, as oportunidades que mais aparecem são para cozinheiros, balconistas, porteiros e serviços gerais. “As áreas que mais disponibilizam vagas são serviços e comércio; a indústria deu uma parada”, afirma Salinas.

Para ele, a principal causa do cenário atual, não só da cidade, como também de todo o Brasil, é a crise econômica enfrentada pelo País, que está afetando todos os setores. Mesmo sem uma expectativa concreta, Salinas espera uma melhora neste segundo semestre. “A gente crê que melhore, mas é uma coisa que não depende de nós, mas da economia do País.”

BUSCA POR OPORTUNIDADE – Desempregado há cerca de um ano, e tendo de sustentar uma casa alugada com cinco pessoas, Sebastião de Oliveira, 53 anos, diz que vai se virando como dá, enquanto não encontra uma oportunidade. Segundo ele, a vaga que aparecer será bem-vinda e um salário de aproximadamente R$ 1.300 já melhoraria a situação da família. “A gente vai trabalhando por dia, fazendo ‘bico’ até aparecer alguma coisa.”

Assim como Sebastião, o jovem Elias Freitas, 19 anos, busca por uma oportunidade no mercado de trabalho para poder ajudar a família composta por seis pessoas. Enquanto a vaga não surge, ele vai fazendo cursos para melhorar o currículo; a expectativa é de uma vaga na área de produção. “Minha mãe me ajuda dando dinheiro para eu entregar currículo, e eu vou fazendo cursos para me especializar.” De acordo com o coordenador do PAT, um currículo com objetivo e especializações conta muito na hora da disputa por uma oportunidade.

SITUAÇÃO NO PAÍS - A taxa de desemprego no Brasil atingiu, no trimestre de março a maio, 8,1%. No mesmo trimestre do ano passado, o resultado foi de 7%. Os dados constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), divulgada no último dia 9 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa abrange 3.464 municípios de todo o País e engloba 210 mil domicílios. A taxa do trimestre terminado em maio de 2015 foi calculada a partir das informações coletadas em março, abril e maio deste ano. Os setores mais atingidos pelo aumento do desemprego foram a construção civil, com queda de 8% ou 636 mil trabalhadores a menos, e a agricultura, que encolheu 2,3%, com 223 mil empregados a menos.

CESTA BÁSICA X SALÁRIO MÍNIMO - Se para o trabalhador, cuja remuneração equivale ao salário mínimo, manter as despesas em dia já é difícil, para o desempregado que busca por uma colocação no mercado de trabalho é mais complicado ainda. Levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família, com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, a realidade do País está bem distante da ideal.

Isso porque, em junho deste ano, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.299,66 ou 4,19 vezes mais que o mínimo, de R$ 788,00. Em junho, o custo da cesta básica em Sorocaba – R$ 503,77, conforme boletim divulgado pelo Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade de Sorocaba - comprometeu 63,9% do salário mínimo. Em maio, o percentual exigido era de 63,8%.

Diário de Sorocaba

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